Capital paulista vai abrir guerra contra pichação

Capital paulista vai abrir guerra contra pichação

SÃO PAULO - Depois de abrir guerra contra os outdoors e reduzir os gigantescos letreiros das fachadas de lojas, a cidade de São Paulo vai atacar as pichações que detonam muros e frente de imóveis. A Câmara Municipal aprovou nesta quinta, em segunda votação, um projeto de lei que permite à Prefeitura limpar e pintar muros e fachadas de imóveis particulares descaracterizados pela sujeira.

A proposta é da própria Prefeitura. O prefeito Gilberto Kassab (DEM) quer lançar o “Programa Antipichação”. Os imóveis públicos municipais, estaduais e federais também serão alvo da ação. (...)

Caiu também uma matéria na Folha sobre o assunto.

Depois do Projeto Cidade Limpa, do começo do ano, dizem que a cidade de São Paulo ficou bem mais agradável. Não duvido. Publicitário batia o pé, teimando que propaganda pode ser arte, que a cidade ficaria muito cinza e tal. Mas pela referência que tenho de Divinópolis, cheia de outdoors e lambe-lambes, passo a defender que a publicidade externa estraga o ambiente. Claro, Divinéia já é um lixo de cidade... mas a publicidade consegue piorar as coisas.

Também, apesar de toda a defesa pela "liberdade" de poder propagar o nome da sua marca (argumento parecido com a liberdade de imprensa), acho que a saturação de tanta informação marketeira tira a liberdade das pessoas, de terem seu próprio tempo. As pessoas deixaram de ser pessoas, passaram a ser consumidores, "alvo".

Com a pichação, as coisas tendem a tomar outro rumo. Percebi isso comigo mesmo. Apesar de simpatizar à retirada de outdoors, recusei a idéia de tirar as pichações.

Pichação é poluição visual? Geralmente. Então, se esse era justamente o ataque do Projeto Cidade Limpa, o que difere pichação de publicidade? Tudo e nada.

Publicidade tem o objetivo de vender. Já pichação, acima de tudo, é uma forma de expressão urbana, comunitária, que contribui, inclusive, na liberdade de expressão dos marginalizados. Por outro lado, nunca considerei interessante, uma pichação nunca me acrescentou em nada e na maioria das vezes passa batido, como só mais uma pichação.

(Vale lembrar que pichação não é grafitti)

Algo que me preocupa no assunto é: se a moda pega, caboco lá em cima passa a ultrapassar dos limites. Daqui a pouco, aparece lei pra "limpar" a cidade de sticker, stencil, graffiti, arte urbana, de tribos urbanas, e por aí vai. Ainda pior, e o que mais me incomoda dessa coisa toda, é: e daí? A poluição visual é um problema tão grande? Esqueceram da fome, da miséria, da educação?

A princípio, sou contra essa lei; mas não tenho opinião concreta sobre o assunto. Peço inclusive que os leitores participem, comentem, e mandem suas mensagens adiante. É um debate importante, que ao decorrer, vai definindo o rumo da cidade moderna e, conseqüentemente, do cidadão moderno. Tá, fui bem além. Mas falem o que pensam, seja por um blog, orkut, mesa de boteco, ou pichando a prefeitura da cidade.